Azuramaya escreveu:
Por que tá me olhando assim... eu sou normal...! rsrsrs
É como eu sempre digo: para ler os posts do Azu, temos que ter por perto um dicionário de "Azuramayês"
Achei um trecho do Vivekananda que parece fazer coro com o artigo do Gilson Freire
Será? Ele diz que só existe a Lei dentro do nosso Universo de causalidade, espaço e tempo. Que, raras são as almas que transcendem esse Universo, e que, a grande maioria, tem que "trabalhar", mas sem buscar resultados - essa seria uma forma de "evolução". E Vivekananda diz que tudo, desde o átomo até nós, trabalha em busca dessa transcendência.
E, pergunto a todos, em que ficamos? Transcendência ou Imanência?
(O velho problema da Filosofia Ocidental
)
Segue o texto do Vivekananda para apreciação de todos:
Quarta parte
A roda do mundo dentro de uma roda é um terrível mecanismo. Só há duas maneiras de se sair dela. Uma í abandonar toda preocupação com a máquina, deixá-la andar e ficar de lado - abandonar nossos desejos. Isso é muito fácil de dizer, mas quase impossível de fazer A outra maneira é mergulhar no mundo o aprender o segredo do trabalho. Não fujais das rodas da máquina-do-mundo, mas permanecei dentro dela o aprendei o segredo do trabalho. Através de trabalho adequado, feito no interior, também é possível realizar.
Este universo é apenas uma parte da Existência infinita, atirada a um molde peculiar, composto de espaço, tempo e causalidade. Segue-se, necessariamente, que só pode existir lei dentro desse universo condicionado. Para além dele não pode haver lei alguma. Quando falamos do universo, queremos falar apenas daquela porção de Existência limitada pelas nossas mentes - o universo dos sentidos, que podemos ver, tocar, ouvir, conjeturar, imaginar. Só esta porção está. sob lei; mas além dela, a Existência não pode estar sujeita à lei, porque a causalidade não se estende para além do mundo das nossas mentes. O que quer que fique para além do âmbito de nossa mente e de nossos sentidos, não está preso à lei de causalidade, pois não há associação mental de coisas na região além dos sentidos, nem causalidade nem associação de idéias. Só quando o Ser ou Existência se amolda em nome e forma é que obedece à lei de causalidade e se diz estar sujeito à lei, porque toda a lei tem sua essência na causalidade.
Vemos, portanto, que não há essa coisa a que chamam livre arbítrio. As próprias palavras são uma contradição, porque a vontade é o que conhecemos, e tudo quanto conhecemos está dentro do nosso universo, e tudo quanto está dentro do nosso universo é moldado pela condição de espaço, tempo e causalidade. Tudo quanto sabemos, ou podemos chegar a saber está sujeito à causalidade, e o que obedece à lei de causalidade não pode ser livre. Recebe a influência de outros agentes e, por sua vez, torna-se uma causa. Mas aquilo que foi convertido em vontade, e que antes não era vontade, mas que, quando cai no molde espaço, tempo e causalidade, converte-se em vontade humana, é livre. E quando essa vontade sai para fora do molde de espaço, tempo e causalidade, é livre de novo. Da liberdade ela vem, amolda-se a esse cativeiro, e dele sai e regressa de novo à liberdade.
Tem-se indagado de quem procede este universo, em quem ele repousa, e para quem ele vai. E tem-se respondido que ele vem da liberdade, repousa no cativeiro, e volta à liberdade, novamente. Assim, quando falamos do homem como do Ser infinito que se manifesta, queremos dizer que apenas uma partícula disso é homem. Este corpo e esta mente que vemos são apenas uma parte do todo, apenas um ponto do Ser infinito. Este universo todo é apenas uma partícula do Ser infinito e todas as nossas leis, nossos cativeiros, nossas alegrias e nossos desgostos, nossas expectativas estão apenas dentro deste pequeno universo. Toda a nossa progressão e regressão estão dentro de seu pequeno perímetro.
Para adquirir a liberdade devemos transpor as limitações deste universo. Não pode ser encontrada aqui. Equilíbrio perfeito, ou o que os cristãos chamam paz que ultrapassa toda compreensão, não pode ser adquirida neste universo, nem no céu, nem em parte alguma onde nossa mente e pensamentos possam atingir, onde os sentidos possam sentir, ou que a imaginação possa conceber. Tal lugar não nos pode dar liberdade, porque todos os lugares assim estariam dentro do nosso universo, e nosso universo é limitado pelo espaço, tempo e causalidade. Pode haver lugares que sejam mais etéreos do que esta nossa Terra, onde os prazeres sejam mais agudos, mas mesmo esses lugares estarão dentro do universo, e portanto, sob o cativeiro da lei. Assim, temos de ir além, e a verdadeira religião começa onde o universo termina.
Aqui terminam essas pequenas alegrias e desgostos e esse conhecimento das coisas, e começa a Realidade. Enquanto não abandonarmos a sede de viver, o forte apego a essa nossa existência transitória, condicionada, não teremos esperança de obter sequer um relance daquela infinita liberdade do além.
A razão percebe, então, que há apenas uma maneira de obter aquela liberdade, meta de todas as mais nobres aspirações da humanidade, e essa maneira é renunciando esta pequena vida, renunciando este pequeno universo, renunciando esta terra, renunciando o céu, renunciando o corpo, renunciando a mente, renunciando tudo quanto é limitado e condicionado. Se renunciar-mos nosso apego a este pequeno universo dos sentidos e da mente, imediatamente seremos livres. A única forma de sair do cativeiro é transcender as limitações da lei, transcender a causalidade.
É, porém, uma coisa muitíssimo difícil renunciar ao apego a este universo. Poucos já o conseguiram. Há duas maneiras de fazer isto, mencionadas em nossos livros. Uma é chamada a Neti, neti (Isso não, isso não). A outra é chamada Iti (Isto). A primeira é a forma negativa, e a segunda é a forma positiva. A forma negativa é a mais difícil. Só é possível para homens de altíssimas mentes e vontade gigantesca, que apenas se erguem e dizem - "Não, não receberei isto". E a mente e o corpo obedecem à sua vontade, e eles têm sucesso. Mas essas pessoas são muito raras. A vasta maioria da humanidade escolhe a maneira positiva, o caminho através do mundo, fazendo uso de todos os cativeiros para romper esses mesmos cativeiros. Essa é também uma forma de renúncia, feita tão-só lenta e gradualmente, através do conhecimento das coisas, do gozo das coisas, obtendo-se assim experiência e conhecendo a natureza das coisas até que, afinal, a mente as deixe partir todas e se torne desapegada.
A primeira forma de obter o desapego é através do raciocínio, e a última é através da ação e da experiência. A primeira é o caminho da Jnana-Yoga, que se caracteriza pelas ações práticas. Todos devem trabalhar no universo. Somente aqueles que estão perfeitamente satisfeitos com o Eu, cujos desejos não vão além do Eu, para quem o Eu é tudo - só esses não trabalham. O resto deve trabalhar.
Uma corrente d'água precipitando-se de seu leito normal, tomba num vácuo e forma um remoinho. Depois de fluir um pouco nesse remoinho, emerge novamente sob a forma de corrente livre, continuando então sem tropeços. Cada vida humana é como essa corrente. Tomba no remoinho e fica envolvida neste mundo de espaço, tempo e causalidade. Rodopia um pouco exclamando: "meu pai, meu irmão, meu nome, minha fama -, etc., e, finalmente, dele emerge livre, obtendo mais uma vez sua liberdade original. Todo o universo está fazendo isso. Saibamos ou não, sejamos ou não conscientes disso, todos estamos trabalhando para sair do sonho do mundo. A experiência do homem no mundo é feita para possibilitar-lhe a saída de seu remoinho.
Que é Karma-Yoga? P, o conhecimento do segredo da ação. Vemos que todo o universo trabalha. Para quê? Para a salvação, para a liberdade. Desde o átomo até o mais alto ser, trabalham todos para o mesmo fim: liberdade para a mente, para o corpo, para o espírito. Todas as coisas estão tentando conseguir liberdade, fugindo ao cativeiro. O Sol, a Lua, a Terra, os planetas - todos estão tentando escapar do cativeiro. As forças centrífugas e centrípetas da natureza são, realmente, típicas do nosso universo.
Para encontrar saída do cativeiro do mundo, temos de atravessá-lo lenta e seguramente. Pode haver pessoas excepcionais, das quais acabei de falar, que conseguem ficar de lado e abandonar o mundo, como a cobra que abandona sua pele e fica a olhar para ela, ali ao lado. Não há dúvida que esses seres excepcionais existem. O resto da humanidade, porém, deve ir lentamente, através do mundo do trabalho. Karma-Yoga mostra o processo, o segredo e o método de fazer isso com os melhores resultados.
Que diz ela? Trabalhai incessantemente, mas abandonai todo o apego ao trabalho. Não vos identifiqueis com coisa alguma. Mantende vossa mente livre. Tudo isso que vedes - as dores e as angústias - são apenas condições necessárias neste mundo, Pobreza, riqueza e felicidade, são momentâneas, apenas. Não pertencem absolutamente à nossa natureza verdadeira. Nossa natureza está muito além da angústia e da felicidade, além de qualquer objeto dos sentidos, além da imaginação. Ainda assim, devemos continuar trabalhando todo o tempo. A angústia surge do apego, não do trabalho. Assim que nos identificamos com o trabalho que fazemos, sentimo-nos angustiados, mas se não nos identificarmos com ele, não sentiremos essa angústia. Se um belo quadro pertencente a outra pessoa se incendeia, um homem geralmente não se torna angustiado, mas quando é seu próprio quadro que se queima, quão angustiado ele se sente! Por quê? Ambos eram quadros muito belos, talvez cópias do mesmo original, mas num caso é muito maior a angústia sentida do que no outro. Isto se dá porque num caso ele se identifica com o quadro, e no outro caso não.
Esses "eu e meu" causam toda a angústia. Com o senso de posse vem o egoísmo, e o egoísmo traz angústia. Todo o ato ou pensamento egoísta torna-nos apegados a algo, e imediatamente nos tornamos escravos. Portanto, Karma-Yoga diz-nos que goze-mos a beleza de todos os quadro do mundo, mas não nos identifiquemos com nenhum deles. Nunca digais "meu". Sempre que dizemos de uma coisa que é "minha", a angústia aparece imediatamente. Não digais sequer - meu filho", em vossa mente. Se o fizerdes, virá a angústia. Não digais "minha casa", não digais "meu corpo". Toda a dificuldade está aí. O corpo nem é vosso, nem meu, nem de ninguém. Esses corpos vêm e vão segundo as leis da natureza, mas nós somos livres, permanecendo alheios como testemunhas. Este corpo não é mais livre do que um quadro numa parede. Por que nos apegaríamos tanto a um corpo? Se alguém pinta um quadro, faz isso e passa. Não projetais o tentáculo de egoísmo que diz: "devo possuir isso". Assim que ele é projetado, tem início a angústia.
Aqui estão duas formas de desistir de todo o apego. Uma é para os que não acreditam em Deus ou em qualquer auxílio exterior. Esses são deixados aos seus próprios recursos, e têm, simplesmente, que trabalhar com sua própria vontade, com os poderes de suas mentes e discernimento, dizendo: "Não devo ser apegado". Para os que acreditam em Deus, há um outro caminho, que é muito menos difícil, Eles dedicam os frutos do trabalho ao Senhor. Trabalham e jamais se apegam aos resultados. O que quer que vejam, sintam, ouçam ou façam, é para Ele. Para qualquer bom trabalho que nos aconteça fazer, não reclamemos louvores ou benefícios. O trabalho pertence ao Senhor, e os frutos devem ser entregues a Ele. Fiquemos de lado, e pensemos que somos apenas servos, obedecendo ao Senhor, nosso Mestre, e que cada impulso para a ação nos vem d'Ele a cada momento. O que quer que cultueis, o que quer que compreendais, o que quer que façais - ofertai tudo a Ele, e ficai em paz.
IN: "Quatro Yogas de Auto-Realização", Swami Vivekananda.
E aí? O que acham? Esse texto do Vivekananda vai ao encontro do artigo do Gilson Freire ou o Vivekananda está querendo dizer outra coisa? Pois, ele próprio dissera, nos textos anteriores, que não existe "esse Universo" e "outro Universo"...
Sex Jun 14, 2013 11:34 am por espiritual
» SE VOCÊ MEDITAR..........Continuação e fim.........
Sáb Jan 05, 2013 8:15 pm por coronel
» SE VOCÊ MEDITAR......Continuação......
Sáb Jan 05, 2013 8:07 pm por coronel
» SE VOCÊ MEDITAR... continuação.......
Sáb Jan 05, 2013 8:01 pm por coronel
» SE VOCÊ MEDITAR O MUNDO SERÁ MELHOR
Sáb Jan 05, 2013 7:53 pm por coronel
» O QUE É O EGO? COMO ELIMINÁ-LO?
Sex Abr 20, 2012 9:51 pm por Nairan
» Estou aqui para aprender.
Qua Abr 11, 2012 7:45 pm por Monstrinho
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Qua Abr 11, 2012 7:31 pm por Monstrinho
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Dom Abr 08, 2012 1:12 am por Monstrinho